A série de surpresas da Copa do Mundo da FIFA teve mais um capítulo neste domingo, com o dramático empate da atual campeã Itália com a Nova Zelândia. O 1 a 1 em Nelspruit complicou bastante a situação da Azzurra na competição e aumentou o histórico de campanhas complicadas em primeiras fases.
Esta é a terceira vez que a seleção empata seus dois primeiros jogos, repetindo as campanhas de 1982 e 1986. Em ambas, porém, conseguiu se classificar às oitavas, conquistando o título na primeira ocasião e sendo eliminada nas oitavas quatro anos mais tarde. Outro drama veio em 1994, quando passou um sufoco e só avançou pelo saldo de gols, antes de deslanchar rumo à final. Finalmente em 2002, a vaga na segunda fase foi obtida de forma suada, com apenas uma vitória e um empate na última rodada.
Para piorar, a equipe de Marcello Lippi sem vencer em 2010, acumulando agora quatro empates e uma derrota. Já a Nova Zelândia, apenas a 78ª colocada no Ranking Mundial da FIFA/Coca-Cola, escreve outra página de sua história ao conseguir o segundo ponto em Mundiais, após três goleadas sofridas em 1982 e o empate nos acréscimos da abertura contra a Eslováquia.
Com o resultado, o Grupo F vê o Paraguai ficar em ótima situação para se classificar até em primeiro lugar. Para isso, os sul-americanos, que têm quatro pontos, precisam apenas de um empate contra os neozelandeses. Já a Itália, com dois, tem de vencer a Eslováquia para não acabar prematuramente eliminada.
Precisando da vitória justamente para não se desgarrar dos paraguaios, a Azzurra iniciou a partida com postura ofensiva, mas foi a Nova Zelândia que chegou pela primeira vez e logo marcou o gol. Aos sete minutos, a bola alçada na área passou por todo mundo, Fabio Cannavaro não conseguiu afastar, e Shane Smeltz só tocou na saída de Federico Marchetti, que nada pôde fazer. Vale lembrar que o titular Gianluigi Buffon não atuou por estar machucado.
Após os gol, os All Whites recuaram e não criaram mais no primeiro tempo. Incomodados com o placar, os italianos foram para cima e passaram a pressionar, tendo oportunidades com Giorgio Chiellini, Gianluca Zambrotta e Riccardo Montolivo, que carimbou a trave de Mark Paston em belo chute aos 27.
Um minuto depois saiu o empate. Após cruzamento da esquerda, Tonny Smith segurou Danielle de Rossi na área, e o juiz marcou pênalti. Na cobrança, Vincenzo Iaquinta deslocou Paston com categoria. Com o 1 a 1, a Itália diminuiu a pressão, mas seguiu com amplo domínio. Assim, a última chance veio somente no final, com De Rossi, em bomba que explodiu no peito do goleiro neozelandês.
Na volta para o intervalo, Marcello Lippi pôs Mauro Camoranesi e Antonio di Natale nos lugares de Alberto Gilardino e Simone Pepe, o que não chegou a mudar a criatividade no meio e no ataque. O camisa 10 ainda assustou logo em seu primeiro lance, mas foi Montolivo que, de novo com um chutaço de longe, obrigou Paston a ótima defesa.
A Nova Zelândia seguiu se defendendo bem e até arriscou mais, sempre em cruzamentos longos ou em chutes, um deles com Ivan Vicelich e outro perigosíssimo com Chris Wood, já no final do jogo.
Desesperada, a Itália partiu para cima de forma desorganizada, abusando das bolas aéreas. Camoranesi ainda tentou um último chute de longa distância, mas o seguro Paston completou a ótima jornada com outra boa defesa pelo alto. No final, o apito do árbitro confirmou o tamanho da zebra: festa da Nova Zelândia em campo e grande decepção dos atuais campeões mundiais.
Ficha técnica
Itália 1x1 Nova Zelândia
Local: Estádio Mbombela, Nelspruit Data: 20/06, domingo Árbitro: Carlos Batres (GUA) Cartões Amarelos: Rory Fallon, Ryan Nelsen e Tommy Smith (Nova Zelândia) Gols: Shane Smeltz aos 6’/1T (Nova Zelândia); Vincenzo Iaquinta aos 28'/1T (Itália)
Itália 12-Federico Marchetti, 19-Gianluca Zambrotta, 5-Fabio Cannavaro, 4-Giorgio Chiellini e 3-Domenico Criscito; 7-Simone Pepe (16-Mauro Camoransi no intervalo), 6-Daniele De Rossi, 22-Riccardo Montolivo e 15-Claudio Marchisio (20-Giampaolo Pazzini aos 16’/2T); 9-Vincenzo Iaquinta e 11-Alberto Gilardino (10-Antonio Di Natale no intervalo). Técnico: Marcelo Lippi.
Nova Zelândia 1-Mark Paston, 4-Winston Reid, 6-Ryan Nelsen, 5-Ivan Vicelich (21-Jeremy Christie aos 34’/2T) e 19-Tommy Smith; 11-Leo Bertos, 7-Simon Elliott e 3-Tony Lochhead; 10-Chris Killen (13-Andy Barron aos 47'/2T), 14-Rory Fallon (20-Chris Wood aos 18’/2T) e 9-Shane Smeltz. Técnico: Ricki Herbert.
NOTAS
ITÁLIA
Federico Marchetti: 5 – Não teve culpa no gol. Razoável no seu papel. Gianluca Zambrotta: 4,5 – Não ajudou o time como precisava no apoio. Na marcação, razoável. Fabio Cannavaro: 4 – Jogo muito ruim do capitão. Errou muito, inclusive no gol neozelandês. Giorgio Chiellini: 4,5: Não foi muito acionado, mas deu algum espaço. Domenico Criscito: 5 – Podia ter avançado mais, mas não comprometeu defensivamente. Simone Pepe: 4,5 – Precisa mostrar mais. Criou pouco, se apresentou menos do que deveria. Mauro Camoranesi: 5 – Criou mais que Pepe. Chutou de fora da área e tentou alguns cruzamentos. Daniele De Rossi: 5,5 – Bons lançamentos, bom passe, firme na marcação. Sofreu o pênalti do gol de empate italiano. Riccardo Montolivo: 5,5 – Chutou muito de fora da área, levando perigo. Claudio Marchisio: 4,5 – Fez pouco no jogo. Acabou substituído no intervalo. Giampaolo Pazzini: 4,5 – Tentou uma ou outra jogada, mas sem muito sucesso. Vincenzo Iaquinta: 5 – Fez o gol de pênalti e foi bem no primeiro tempo. Desapareceu no segundo. Alberto Gilardino: 4 – Bem abaixo do que se esperava. Antonio Di Natale: 5 – Tentou algumas jogadas, sem sucesso. Mas já foi melhor do que Gilardino.
NOVA ZELÂNDIA
Mark Paston: 6 – Boas defesas na partida. Quando acionado, correspondeu. Winston Reid: 5,5 – Boa partida na marcação, participou do primeiro gol. Ryan Nelsen: 6 – Marcou bem, teve garra e mostrou bom posicionamento. Ivan Vicelich: 5,5 – Primeiro como zagueiro depois mais à frente no segundo tempo, marcou bem e aproveitou espaços para avançar. Jeremy Christie: 5 – Entrou para preencher espaços e foi o que fez. Tommy Smith: 4,5 – Fez o pênalti em De Rossi. No mais, razoável. Leo Bertos: 5 – Apareceu defendendo e tentou dar passes rápidos para contra-atacar. Simon Elliott: 5 – Quase não apareceu – o que mostra que a Itália pouco jogou ali. Tony Lochhead: 5 – Alguns passes, marcação pelo lado esquerdo do meio-campo. Chris Killen: 5,5 – Foi bem nos contra-ataques que puxou e segurou a bola bem em alguns momentos. Andy Barron: Sem nota – Entrou para ganhar tempo. Rory Fallon: 5 – Tentou o trabalho de pivô em alguns lances e deu trabalho à zaga italiana. Chris Wood: 5,5 – Um chapéu em Cannavaro e quase marca um golaço. Shane Smeltz: 6 – Perigoso no ataque, ainda marcou o gol da Nova Zelândia.
GOLS