A principal notícia do dia na Copa do Mundo da FIFA África do Sul 2010 não soa exatamente como novidade: o Brasil está classificado, com uma rodada de antecedência, para as oitavas de final do torneio. Dois belos gols de Luís Fabiano e um de Elano deram à Seleção a vitória por 3 a 1 sobre a Costa do Marfim no estádio Soccer City, em Johanesburgo, que valeu à equipe de Dunga a passagem para a próxima fase da competição, com seis pontos. É a quinta vez consecutiva – ou seja, desde que os três pontos por vitória foram instaurados no Mundial, em 1994 – que a Seleção chega á última rodada da fase de grupos já com sua vaga assegurada. Não foi essa a única escrita mantida no Soccer City: a Seleção Brasileira manteve seu aproveitamento de 100% em partidas de Copa do Mundo diante de equipes africanas. São agora seis jogos só de vitórias. Entre tantas boas notícias – incluindo aí a boa atuação de Kaká, responsável por dois passes para gol -, houve notas de preocupação, já que Elano entrou numa dividida dura com Ismael Tioté pouco depois de marcar o terceiro gol e saiu de campo de maca, substituído por Daniel Alves. E ainda mais quando, a dois minutos do fim, quando a partida era ríspida e nervosa, Kaká foi expulso de campo com seu segundo amarelo.
Os brasileiros, sem Kaká, suspenso, fecham sua participação no Grupo G no dia 25, em Durban, quando enfrentam Portugal – que entra em campo nesta segunda-feira, na Cidade do Cabo, diante da Coreia do Norte. Os africanos enfrentam os norte-coreanos, também no dia 25.
Golaços para abrir o caminho Os primeiros 15 minutos de jogo foram de um curioso estudo tático de lado a lado. Duas equipes que têm no contra-ataque um de seus principais pontos fortes, Brasil e Costa do Marfim pareciam esperar um ao outro para ver quem tomaria primeiro a iniciativa de atacar e, com isso, abrir espaços. O resultado foi um jogo sem chances, jogado de intermediária a intermediária, com poucos jogadores da linha de defesa se aproximando dos atacante – uma das exceções, como sempre, sendo o lateral direito brasileiro Maicon. A única solução para quebrar o ritmo era o talento individual, e foi por meio dele que o Brasil abriu o placar aos 25: Robinho tocou para Luís Fabiano na entrada da área, o centroavante deu um lindo passe de calacanhar para Kaká, que, em sua primeira boa jogada na partida, deixou o camisa 9 na cara do gol para acertar uma bomba alta no canto esquerdo de Boubacar Barry. Foi o primeiro gol de Luís Fabiano após seis jogos sem marcar – seu maior período de seca com a camisa da Seleção – e seu 26º em 40 jogos com a Amarelinha. Mas nem o gol foi capaz de abrir de vez o jogo. Foi só aos poucos, e timidamente, que os marfinenses começaram a incorporar seus laterais ao jogo e a ceder mais espaços para o contra-ataque brasileiro – que, no entanto, pouco conseguiu criar até o final da primeira parte. Qualquer dúvida quanto à equipe de Sven-Göran Eriksson se abrir de fato ou não acabou logo aos cinco minutos da segunda parte. E, mais uma vez, graças a Luís Fabiano, com um goalço. O atacante do Sevilla recebeu uma bola dividida na entrada da área, pelo lado direito. Deu um balãozinho para tirar Didier Zokora da jogada, aplicou um chapéu em Siaka Tiene e, de esquerda, bateu no canto. A vantagem era tudo de que a veloz equipe do Brasil precisava para se soltar de vez. As chances apareciam, Kaká participava mais e mais do jogo e, aos 17, foi ele quem criou o lance do terceiro: arrancada pela ponta esquerda, daquelas dignas de suas melhores fases, e o cruzamento rasteiro, preciso para Elano escorar e marcar seu segundo gol na Copa.
O camisa 7, pouco depois, se lesionou. A Costa do Marfim foi para o ataque, o Brasil encontrou espaço para trocar belos passes e, ainda na metade do segundo tempo, as quase 85 mil pessoas já gritavam “olé”. Aquele jogo morno da primeira etapa já era coisa do passado. Entre as chances criadas pelos brasileiros e o ímpeto dos “Elefantes”, quem conseguiu resultado foi Didier Drogba. O centroavante do Chelsea recebeu sozinho um cruzamento de Touré Yaya aos 34 minutos e, de cabeça, marcou o primeiro gol da Costa do Marfim no torneio. O jogo, então, ficou nervoso e ríspido. Mais do que chances, o que se viram foram divididas, faltas duras, nervosismo e, aos 43 minutos, um segundo cartão amarelo para Kaká, que fica de fora da partida contra os portugueses.
Depois do apito final, porém, os ânimos se acalmaram, e os jogadores se confraternizaram em campo, trocando cumprimentos e camisas.
Ficha técnicaBrasil 3x1 Costa do Marfim
Local: Estádio Soccer City, Joanesburgo Data: 20/06, domingo Árbitro: Stéphane Lannoy (FRA) Público: 84.455 Gols: Luís Fabiano aos 24’/1T e aos 5’/2T e Elano aos 17’/2T (Brasil); Didier Drogba aos 33’/2T (Costa do Marfim) Cartões amarelos: Kaká (Brasil); Siaka Tiené, Kader Keita e Cheick Tioté (Costa do Marfim) Cartão vermelho: Kaká (Brasil)
Brasil 1-Julio Cesar, 2-Maicon, 3-Lúcio, 4-Juan e 6-Michel Bastos; 8-Gilberto Silva, 5-Felipe Melo, 7-Elano (13-Daniel Alves aos 21’/2T) e 10-Kaká; 7-Robinho (18-Ramires aos 47’/2T) e 9-Luís Fabiano. Técnico: Dunga.
Costa do Marfim 1-Boubacar Barry, 20-Guy Demel, 4-Kolo Touré, 5-Didier Zokora e 17-Siaka Tiéné; 21-Emmanuel Eboué (13-Romaric aos 26’/2T), 19-Yaya Touré e 9-Cheick Tioté; 15-Aruna Dindane (10-Gervinho aos 8’/2T), 11-Didier Drogba e 8-Salomon Kalou (18-Kader Keita aos 22’/2T). Técnico: Sven-Goran Eriksson.
NOTAS
BRASIL Júlio César: 5,5 – Quando exigido apareceu. Mais uma vez teve uma atuação segura, sem comprometer. Ainda lançou a bola no lance do primeiro gol. Maicon: 5,5 – Começou bem, mas depois caiu de produção. Foi pouco procurado também, atacou pouco e muitas vezes sofreu com a marcação marfinense – perdeu sete bolas. Lúcio: 6 – Seu jeito estabanado não é refletido em seu futebol. É o líder da defesa, se impõe sobre os adversários. Perdeu pouquíssimas bolas. Juan: 5 – Atuação tranqüila, mas sem se destacar como no primeiro jogo. Foi pouco exigido pelo ataque marfinense. Michel Bastos: 5 – Não conseguiu atacar, seu ponto forte. Porém, não errou na defesa, seu ponto fraco. Gilberto Silva: 5 – À frente da dupla de zaga, é eficiente, sem comprometer. Ainda não foi obrigado, nesta a Copa, a correr atrás dos adversários. Felipe Melo: 4,5 – Ficou abaixo dos seus companheiros defensivos. Errou muitos passes no começo do jogo e não acompanhou Drogba no gol marfinense. Elano: 6 – Mais uma vez teve papel fundamental na Seleção, mas errou muitos passes no primeiro tempo. Fez um gol no segundo e saiu lesionado. Daniel Alves: 5 – Entrou aos 33 minutos do segundo tempo, pouco apareceu e cobrou uma falta no gol. Kaká: 5,5 – Comprometeu sua atuação ao perder a cabeça no final do jogo. Por mais que seu segundo cartão amarelo tenha sido injusto, deveria ter se controlado. Ao longo do jogo, lembrou bons momentos, com arrancadas e duas assistências. Robinho: 6 – Pode não ter marcado ou dado assistência alguma, mas continua aparecendo bastante, se movimentando por todo setor ofensivo. Não se esconde do jogo em momento algum. Ramires: Sem nota – Entrou aos 47 minutos do segundo tempo. Pelo menos desta vez não levou o cartão amarelo. Luís Fabiano: 8 – Dois gols e uma briga constante em campo. Precisa, talvez, esfriar um pouco a cabeça em alguns lances.
COSTA DO MARFIM Barry Boubacar: 4,5 – Não falhou nos gols, mas poderia ter atrapalhado um pouco mais nesses lances. Guy Demel: 5,5 – Foi bem no apoio e deu trabalho a Michel Bastos. Na defesa teve atuação destacada também. Kolo Touré: 4 – Foi chapelado no primeiro gol, perdeu muitas bolas para os atacantes brasiliero e ficou abaixo do que pode produzir. Didier Zokora: 4 – Outro que teve atuação abaixo da média. Muitas vezes se perdeu no toque de bola do Brasil. Siaka Tiéné: 4 – Não conseguiu marcar. E ainda exagerou em diversas jogadas, sendo um dos mais violentos da Costa do Marfim. Emmanuel Eboué: 5,5 – Esteve bem na marcação e conseguiu criar pelo menos uma boa jogada no ataque. Romaric: 5,5 – Entrou no segundo tempo e deu muita movimentação ao setor ofensivo. Deu um belo chute de longe e obrigou Júlio César a fazer uma grande defesa. Yaya Touré: 5,5 – Correu muito, se desdobrou na marcação e errou poucos passes, sendo que foi muito acionado (46 de 51). Cheick Tioté: 4,5 – Na primeira etapa apareceu bem, criando algumas jogadas pelo meio. Mas depois ficou preso demais. Aruna Dindane: 4,5 – Sumido em campo, não fez nada no primeiro tempo e foi substituído. Gervinho: 5,5 – Entrou no início da segunda etapa e se movimentou bastante, criando algumas jogadas. Didier Drogba: 5,5 – Atuação prejudicada porque a bola pouco chegou. Quando chegou, ele estava lá para marcar. Salomon Kalou: 5 – Foi bem no primeiro tempo, criando muitas jogadas pela ponta, mas depois sumiu. Kader Keita: 4 – Não pensou em jogar futebol. Provocou muitos os brasileiros.
GOLS
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