A Austrália despediu-se da Copa do Mundo da FIFA com a primeira vitória da sua história sobre uma seleção europeia, mas o sucesso não serviu de nada. Os australianos bateram a Sérvia por 2 a 1, resultado que também ditou o adeus dos comandados de Radomir Antic à competição.

Quem visse a primeira parte em Nelspruit e não soubesse a classificação do Grupo D até pensaria que era a Sérvia que tinha obrigatoriamente de ganhar para manter a esperança de classificação, e não a Austrália. Mas não. O empate até poderia chegar aos sérvios, caso houvesse um vencedor no jogo entre Alemanha e Gana, mas a equipe do Leste europeu não conseguiu nem mesmo isso.

A Sérvia foi a mais ofensiva e mais perigosa no primeiro tempo, teve mais tempo de posse de bola e criou as únicas verdadeiras chances de gol. A primeira só demorou seis minutos para surgir, quando Milos Krasic apareceu livre na direita e obrigou Mark Schwarzer a fazer uma boa defesa.

Mais seis minutos e de novo Krasic criou e desperdiçou. Após receber grande passe de Milos Ninkovic, o jogador do CSKA de Moscou chegou a passar por Schwarzer, mas o remate saiu por cima do alvo. Refeito do susto, o goleiro australiano voltou a brilhar num remate de Ivanovic, mas nada poderia fazer, aos 34 minutos, para parar a cabeçada de Nikola Zigic. O gigante de 2,02m, em excelente posição, cabeceou para fora.

Muda tudo... duas vezes A essa altura, Tim Cahill já tinha protagonizado uma tímida resposta da Austrália, sem perigo, e foi preciso esperar até os 14 do segundo tempo para que Vladimir Stojkovic tivesse algum trabalho. O goleiro da Sérvia mostrou reflexos e elasticidade para defender a falta cobrada por Marco Bresciano. Mais um minuto e de Johanesburgo chegava a notícia do gol da Alemanha frente a Gana, o que obrigava a Sérvia a vencer ou pelo menos empatar com gols para seguir para as oitavas.

Mas, curiosamente, voltou a ser a Austrália a criar perigo e de novo com uma bomba de Bresciano à qual Stojkovic se opôs com enorme qualidade. Os nervos pareciam estar tomando conta dos sérvios, e a situação ficou bem pior aos 24 minutos. Luke Wilkshire acertou um cruzamento longo da direita e Cahill ganhou o duelo nas alturas com os zagueiros da Sérvia para cabecear para o fundo do gol e para o 1 a 0.

A festa voltou a ser australiana aos 28 minutos, quando Brett Holman progrediu com a bola e, diante da falta de oposição, se decidiu pelo remate de muito longe, que saiu muito colocado e resultou no 2 a 0. O impossível para a seleção da Oceania tornava-se um pouco mais fácil, já que o selecionado de Pim Verbeek passava a precisar de apenas mais dois gols para superar Gana no segundo lugar do grupo e seguir para as oitavas.

Parecia que o filme estava toda a favor do milagre australiano, mas, de repente, tudo mudou outra vez. Um remate de longe de Zoran Tosic foi defendido para a frente por Schwarzer e Pantelic estava no lugar certo para reduzir para 2 a 1.

Os sérvios voltavam a ficar a um simples gol de subir ao segundo lugar e, com seis minutos para o fim, mais os acréscimos, tinham de dar o máximo. Foi o que fizeram, mas sem sucesso - apesar de Marko Pantelic, quase no último segundo, ter desperdiçado uma chance de ouro, ao bater para fora quando estava perfeitamentre sozinho na grande área. Uma chance perdida que significou o adeus à África do Sul.

Austrália 2x1 Sérvia

Local: Estádio Mbombela, Nelspruit Data: quarta-feira, 23/06 Árbitro: Jorge Larrionda (URU) Cartões Amarelos: Aleksandar Lukovic e Milos Ninkovic (Sérvia); Luke Wilkshire, Brett Emerton e Michael Beauchamp (Austrália) Gols: Tim Cahill aos 24’/2T e Brett Holman aos 28’/2T (Austrália); Marko Pantelic aos 39'/2T (Sérvia)

Sérvia 1-Vladimir Stojkovic, 6-Branislav Ivanovic, 5-Nemanja Vidic, 13-Aleksandar Lukovic e 16-Ivan Obradovic; 22-Zdravko Kuzmanovic (8-Danko Lazovic aos 32’/2T), 18-Milos Ninkovic, 10-Dejan Stankovic, 17-Milos Krasic (7-Zoran Tosic aos 16’/2T) e 14-Milan Jovanovic; 15-Nikola Zigic (9-Marko Pantelic aos 22’/2T). Técnico: Radomir Antic.

Austrália 1-Mark Schwarzer, 8-Luke Wilkshire (19-Richard Garcia aos 36’/2T), 2-Lucas Neill, 6-Michael Beauchamp e 21-David Carney; 7-Brett Emerton, 5-Jason Culina, 16-Carl Valeri (14-Brett Holman aos 21’/2T), 23-Marco Bresciano (11-Scott Chipperfield aos 21’/2T) e 4-Tim Cahill; 9-Joshua Kennedy. Técnico: Pim Verbeek.

NOTAS

SÉRVIA Vladimir Stojkovic: 5 – Não teve culpa nos gols e trabalhou pouco. Branislav Ivanovic: 5,5 – Avançou bem e quase marca o seu no primeiro tempo. Nemanja Vidic: 5 – Apesar dos dois gols, teve atuação segura. Aleksandar Lukovic: 5,5 – Bem na marcação, ainda fez um lançamento primoroso. Ivan Obradovic: 5 – Foi regular, preenchendo espaços, cobrindo bem o lado esquerdo. Zdravko Kuzmanovic: 5,5 – Foi bem no jogo, apareceu na frente, com boas chances de marcar. Danko Lazovic: 5 – Deu velocidade ao time pela direita, embora tenha errado uma finalização bisonhamente. Milos Ninkovic: 5 – Esteve bem no meio-campo, marcou e atacou com eficiência. Dejan Stankovic: 4,5 – Menos do que poderia, foi discreto. Milos Krasic: 6 – Grande partida, especialmente no primeiro tempo. Perdeu chances que poderiam ter mudado o jogo. Zoran Tosic: 6 – Entrou bem no jogo, e chutou a bola que resultou no gol de Pantelic. Milan Jovanovic: 6,5 – Grande atuação do meio-campista, que criou muitas chances pelo seu lado. Nikola Zigic: 5 – Teve duas chances e quase marcou em ambas. Foi perigoso. Marko Pantelic: 5,5 – Marcou o gol do time, ainda que tenha sido desajeitado.

AUSTRÁLIA Mark Schwarzer: 5,5 – Foi muito bem na partida, mas falhou no gol da Sérvia, que enterrou as esperanças australianas. Luke Wilkshire: 4,5 – Tomou um baile de Jovonovic, com direito a bola no meio das pernas e tudo. Richard Garcia: Sem nota – Não tocou muito na bola, fica sem nota. Lucas Neill: 5,5 – Teve trabalho, fez o que pode e melhorou no segundo tempo. Michael Beauchamp: 5 – Razoável, consegiu fazer o trabalho de marcação. David Carney: 4,5 – Não teve a velocidade para chegar no apoio ao ataque e ainda teve muito trabalho com Krasic. Brett Emerton: 5 – Conseguiu alguns bons lances e ajudou na marcação no meio. Jason Culina: 5 – Ameaçou em chutes de for a no Segundo tempo, e marcou o preenchido meio-campo sérvio. Carl Valeri: 5 – Não conseguiu ir muito ao ataque, correu muito na defesa. Brett Holman: 5,5 – Marcou um golaço de fora da área. Deu mais poder ofensivo ao time australiano. Marco Bresciano: 5,5 – Criou algumas jogadas, mas estava bem marcado. Scott Chipperfield: 4,5 – Entrou, mas pouco fez no jogo e não explorou o lado direito sérvio. Tim Cahill: 6 – É o mais perigoso jogador australiano. Marcou um gol e foi preocupação constante da zaga adversária. Joshua Kennedy: 5 – É atrapalhado, mas teve ao menos duas ótimas chances para marcar. Levou perigo, especialmente pelo alto.